Enquanto jornalistas, fãs, jogadores e técnicos tentam encontrar uma solução para os problemas dos Eagles, a equipe continua em declínio. Pela oitava vez nesta temporada os Eagles entrarão em campo, e mais do que nunca, precisam provar que ainda são capazes de uma reviravolta no panorama atual. Um Monday Night Football, contra a fraca defesa dos Saints, em New Orleans, é a oportunidade perfeita para os comandados de Andy Reid mostrarem a que vieram.
Mas há quem acredite que não será possível. Simplesmente porque os Eagles mostram, a cada jogo que passa, que seus problemas, antes corrigíveis, atingiram a estrutura da equipe e inevitavelmente, as águias de Philadelphia ficarão apenas na promessa de um grande time.
E é verdade: o hype criado na última temporada colocou holofotes sobre a equipe de Philadelphia. Sempre badalada, a franquia atrai olhos graças à sua divisão, a disputadíssima NFC East, e pelo fato de ser localizada na Philadelphia, cidade que tem fama pela prepotência e arrogância de seus moradores, que insistem dizer que o que vem de Philadelphia é melhor, e por isso, qualquer insucesso dos Eagles é motivo de comemoração para muitos, e o fato de a franquia não ter um Super Bowl é um plus.
A pressão interna também é grande. Todos sabemos que Jeffrey Lurie investiu pesado na equipe nesta e na última temporada visando um Super Bowl um uma campanha longa nos Playoffs. Com o 8-8 da última temporada, Lurie decidiu manter Andy Reid, dando-lhe o benefício da dúvida após tantas temporadas bem sucedidas. E cá estamos nós, com 3 vitórias e 4 derrotas, prestes a entrar em campo na partida mais importante da temporada.
Isto porque o jogo contra os Saints nesta segunda-feira terá uma importância impar na história dos Eagles em 2012: Michael Vick, apático em campo e cheio de erros que minam sua performance em campo, pega uma desfalcada e fraca defesa dos Saints, a 28a. da NFL. Se o ataque for incapaz de produzir, Andy Reid será praticamente forçado a colocar o camisa 9 Nick Foles para comandar o ataque, já que uma exibição fraca de Vick frente à defesa ruim dos adversários será a prova cabal de que Foles não é menos capaz que o #7 para vencer jogos. Apesar de um contrato de US$16 milhões ter sido assinado entre os dois, os Eagles colocaram uma “out-clause”, ou seja, uma cláusula que assegura à equipe o direito de cortar Michael Vick sem a necessidade de quitar seus salários, que pode ser exercida ao fim desta temporada. Se Foles é a resposta para a posição, não se sabe, porém, o corte do ex-Falcon é praticamente certo se Foles entrar em campo ao menos uma vez nesta temporada como titular.
Além disso, uma derrota contra os Saints colocará os Eagles em uma situação de 3-5 prestes a entrar na parte mais dura de seu calendário: quando enfrentam os rivais da NFC East. A sequência (Cowboys, @Redskins, Panthers, @Cowboys, @Buccaneers, Bengals, Redskins e @Giants) não ajuda e pode sacramentar o fim da temporada caso resultados negativos se acumulem contra os rivais de divisão nas duas partidas seguintes. E Jeffrey Lurie, então, terá a carta de demissão de Andy Reid nas mãos.
E Andy tem culpa: é notório que, há alguns anos, os debates sobre os Eagles, as necessidades discutidas, são as mesmas de sempre. E a única coisa que não mudou, passando por McNabb, Kolb, Vick, Dawkins, Tra Thomas e tantos outros, foi o Head Coach. Grande parcela da culpa pelas performances apáticas dos Eagles têm de ser colocadas na conta de Reid. O ataque surpreende pouco e erra muito. A defesa peca pela inconsistência e sequer o Pass Rush fulminante da última temporada se manteve, mesmo com os mesmos jogadores em campo. As receitas da última temporada foram batidas. Juan Castillo foi embora e Todd Bowles assumiu. E Bowles pegou justamente os Falcons pela frente, equipe invicta na temporada, com uma excelente unidade ofensiva. Não viu nem a cor da bola. Não dá pra culpá-lo: uma semana é pouco na NFL para pegar uma equipe em plena sintonia como os Falcons e conseguir grandes números.
Teria Andy Reid perdido o vestiário? Perdido a mão da equipe? É possível. Muito ego, muitos dólares. Enquanto alguns jogadores começaram sua carreira em Philly, muitos são veteranos, “mercenários”, que não aturam qualquer coisa e já trabalharam em outros esquemas, por isso criticam. É dificil lidar com “Divas”. Se elas existem nos Eagles, se causam discórdia nos bastidores e fecham a famosa panelinha, não se sabe. Mas a apatia de quem está em campo preocupa quem está de fora a ponto de se pensar que possa existir um conflito interno que já se transmitiu ao campo de jogo e está matando o time de dentro para fora, uma infecção muito mais dificil de se conter.
Teriam os mais experientes perdido o passo? Trent Cole, Jason Babin? Teriam algumas promessas não vingado, como Nate Allen? O Wide-9 é o esquema ideal? Difícil dizer. Na última temporada fomos os líderes em sacks, e hoje, os piores, com 9 em 7 jogos. A pressão produzida pela defesa na última temporada não evoluiu neste ano. Todo o potencial que a equipe mostrava, apesar dos problemas com lesões, parecem ter sumido, junto com a crença dos fãs em uma possível virada para esta temporada. Sair do Wide-9 não é a solução. Deixar a defesa menos tempo em campo, usar mais blitzes e, principalmente, PARAR DE FAZER FALTAS E TACKLEAR JOGADORES COM VONTADE solucionariam muita coisa na defesa.
Não são apenas os turnovers de Michael Vick a causa para as derrotas. Os Eagles estão sendo MASSACRADOS nas trincheiras. A Offensive Line, que sofre com a ausência de Jason Peters e Jason Kelce, não consegue conter a pressão adversária e acaba deixando Vick em situações difíceis. Antes com um arsenal de truques para se evadir da pressão Vick é um QB imóvel no pocket, que demora para soltar a bola e não cria nada com suas próprias pernas, tendo mudado totalmente sua característica principal: a ameaça que levava às defesas também com seu jogo corrido. E mesmo com Vick sofrendo, McCoy não é acionado por Reid para causar um balanço ofensivo, o que acaba por crucificar o ataque verde e mostrar sua ineficácia perante uma defesa.
A pior coisa para um fã inveterado dos Eagles é ver seu time sem gana, sem garra, fazendo só o necessário, sem colocar esforço. Errando sem se importar, se deixando levar pela maré. É difícil. Porém, é importante lembrar que apesar de tudo, não deixaremos de assistir nosso time jogar. E é isso, no fim das contas, que realmente importa. Se vivemos dias bons demais, hoje os ventos não são tão favoráveis. Mas é assim o futebol americano, um jogo onde um erro pode custar caro demais. E graças aos nossos próprios erros, hoje vivemos as dificuldades de torcer sofrendo e pela melhora do time. É isso…EAGLES SEMPRE!