Por que Carson Wentz está tendo sucesso?

Guru brasileiro da NFL para grande parte das contas do twitter, o OQuarterback descreveu em sua coluna na Liga dos 32 os motivos do sucesso imediato de Carson Wentz na liga. Confira o texto abaixo e não deixe de seguir ele e a Liga dos 32 no Twitter e no Facebook.


Se você me dissesse que o Philadelphia Eagles iria começar a temporada com três vitórias eu ia achar possível, apesar de improvável. Se você me dissesse que o Eagles alcançaria essas três vitórias com Carson Wentz tendo o melhor desempenho de um quarterback novato desde Peyton Manning em 1998 eu acharia impossível. Contrariando todas as expectativas que eram colocadas em cima do Eagles nessa pré-temporada (eu mesmo, nas minhas previsões, não acreditava que Philadelphia teria esse sucesso imediato), o time vem jogando em altíssimo nível e já se coloca como favorito na NFC East nesse início de temporada.

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Não haviam muitas dúvidas sobre a defesa do Eagles: a chegada do excelente Jim Schwartz como coordenador defensivo aliado a um plantel que conta com jogadores de qualidade elevada já indicava que a unidade jogaria em alto nível de imediato. O que surpreende muito nesse time da Philadelphia é como o ataque está acertado com um quarterback que até o ano passado jogava na 2ª divisão da NCAA (ele foi só o 5º QB da 2ª divisão escolhido no primeiro round do Draft, o último sendo Joe Flacco em 2008) contra times cuja maioria dos jogadores hoje não joga mais futebol americano.

Como se explica esse sucesso imediato e surpreendente de Carson Wentz? Porque ele fez de bobo todos que, durante a avaliação do Draft, acreditavam que ele precisaria de um período de desenvolvimento antes de atuar na NFL? É isso que vou explorar na coluna dessa semana, com ajuda de dados do site Pro Football Focus.

Para começar, olhem essa jogada (retirada através do NFL Game Pass) do primeiro quarto do jogo do Eagles contra o Pittsburgh Steelers nesse último domingo. Essa é uma das formações que o técnico Doug Pederson mais vem utilizando (shotgun empty spread com quatro wide receivers e um tight end alinhado na linha ofensiva) e que explica bastante do sucesso do Wentz.

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Uma das sacadas geniais do Pederson foi simplificar o seu playbook ofensivo o máximo possível para Carson Wentz. As jogadas são desenhadas para ele fazer o passe rapidamente, nada de leituras elaboradas ou esperar os seus recebedores se desvencilharem da marcação adversária. Com isso, Wentz tem o quarto melhor rating (aquela conta que junta passes completos, passes tentados, jardas de passe, touchdowns e interceptações) da NFL em passes onde a bola saiu das mãos do quarterback em 2.5 segundos ou menos e uma média de 7,7 jardas por passe.

Com essa tática de passes rápidos e curtos, a linha ofensiva não precisa se preocupar tanto com as pressões adversárias já que a bola sai das mãos do quarterback rapidamente. Mesmo assim, o trabalho de Lane Johnson e companhia vem sendo excelente, só cedendo 19 pressões (sendo só dois sacks) nos três jogos até agora, o que facilita bastante o trabalho de um jogador se estabelecendo na liga. Lógico, até agora o Eagles não enfrentou nenhum time que tivesse um front seven (DLs e LBs) de respeito então é ver como será o trabalho dessa linha ofensiva quando for enfrentar defesas mais complexas como a do Minnesota Vikings.

Quem assistiu o Monday Night Football da Semana 2 no SAP deve ter ouvido o comentarista (e ex-técnico) Jon Gruden falando como ensinou o Wentz a ter mais segurança com a bola nas mãos durante seu QB Camp antes do Draft. Em North Dakota State, Wentz muitas vezes ficava com a bola em uma só das mãos e corrigiu isso após a aula de Gruden. Ou seja, a segurança de Wentz com a bola é outro diferencial que explica seu sucesso, são cinco touchdowns e nenhuma interceptação até agora (ele sofreu três fumbles, nenhum perdido e dois desses foram mais culpa do center Jason Kelce na hora do snap do que qualquer outra coisa) e até agora quase não tomou decisões que colocassem a bola em situação de risco, como passe no meio de marcação e afins.

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Um dos grandes pontos de discussão sobre Wentz no Draft era sua instabilidade nos passes, mesmo contra times fracos da 2ª divisão da NCAA sua porcentagem de passes completos era baixa e isso foi uma das coisas que me chamaram mais a atenção ao estuda-lo. Nessas três semanas ele completou 64,7% dos passes tentados (66 de 102), mas se olharmos nos passes de verdade (aqueles que não sofreram drop ou bolas jogadas fora) a porcentagem aumenta para 80,4%, o que é a melhor marca na NFL até o momento.

O último ponto que quero destacar é a posse de bola do Eagles nesses três primeiros jogos. Eles estão com uma média de 36min47s de posse de bola, lideram a NFL nesse quesito e é muito maior do que a média que eles tinham no ataque up-tempo de Chip Kelly em 2015 (25min51s). Mais tempo com a bola significam mais huddles, mais comunicação entre técnico e quarterback e uma maior tranquilidade para Wentz saber o que está fazendo sem se desesperar em iniciar a jogada logo. Também implica que a defesa do Eagles entra em campo bem mais descansada, o que aumenta o leque de opções de Jim Schwartz para o que fazer.

É absolutamente improvável que Carson Wentz mantenha esse nível tão elevado pela temporada inteira, ainda mais se levarmos em conta que a semana de folga do Eagles nessa temporada já é nessa Semana 4. Com 13 jogos consecutivos pela frente e os times tendo mais material para estudar o que o técnico Doug Pederson vem fazendo, é normal que pelo meio da temporada sua produção caia. De qualquer forma, não há como negar que esse sucesso imediato de Wentz é uma ótima notícia para a torcida do Eagles a longo prazo já que conta com um quarterback de alto nível pela próxima década e que pode trazer o tão sonhado Super Bowl para a cidade do Rocky Balboa.


Confira aqui o post original do texto.

 

 

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